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Ensino Superior e Internacionalização: Um caminho inescapável para as Instituições de Ensino Superior

  • Otávio Correia
  • 16 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

No contexto da educação globalizada, a promoção de uma aprendizagem internacional e intercultural tornou-se não apenas desejável, mas essencial. As instituições de ensino superior (IES) desempenham um papel crucial na preparação de indivíduos para um mundo cada vez mais interconectado, onde a compreensão das questões globais e o desenvolvimento de competências interculturais são fundamentais para o sucesso. No entanto, para que essa preparação seja efetiva, é imperativo que as IES adotem estratégias de internacionalização robustas, que não apenas ampliem o horizonte dos estudantes, mas também posicionem as instituições em um cenário acadêmico global competitivo.


A internacionalização no ensino superior é um processo pelo qual as IES integram uma dimensão internacional, intercultural ou global em seus propósitos, funções e oferta educacional. Esse processo, segundo a Associação Europeia para a Internacionalização da Educação (EAIE), visa a criação de ambientes educacionais que transcendem as fronteiras geográficas e culturais, proporcionando aos estudantes a oportunidade de imergir em diversas perspectivas, valores e experiências.


Essa imersão é vital para o desenvolvimento de uma compreensão mais profunda das questões globais e para o fortalecimento das competências interculturais dos estudantes. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação superior desempenha um papel central no preparo de cidadãos globais, capazes de contribuir de maneira significativa para suas comunidades e para o mundo. Nesse sentido, a internacionalização não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma responsabilidade das IES.


Para que a internacionalização seja eficaz, as IES precisam adotar estratégias que sejam adaptadas às suas particularidades institucionais e contextuais. Como apontado por Knight (2004), um dos principais teóricos da internacionalização, o processo deve ser holístico, envolvendo não apenas a mobilidade de estudantes e professores, mas também a internacionalização do currículo, parcerias acadêmicas globais e a integração de perspectivas interculturais em todas as dimensões da vida acadêmica.


A mobilidade estudantil, por exemplo, é uma das estratégias mais visíveis e eficazes de internacionalização. Programas de estudo no exterior, intercâmbios e estágios internacionais proporcionam aos estudantes uma experiência imersiva que vai além da sala de aula. Segundo um estudo realizado pela UNESCO, estudantes que participam de programas de mobilidade internacional demonstram um maior desenvolvimento de competências como adaptabilidade, pensamento crítico e comunicação intercultural, habilidades essenciais no mercado de trabalho global.


No entanto, a mobilidade internacional deve ser apenas uma parte da estratégia de internacionalização. A internacionalização do currículo, que inclui a incorporação de conteúdos globais e interculturais nos cursos, é fundamental para alcançar todos os estudantes, incluindo aqueles que não têm a oportunidade de estudar no exterior. Como ressaltado por Leask (2015), a internacionalização do currículo garante que todos os estudantes desenvolvam uma perspectiva global, independentemente de sua participação em programas de mobilidade.


Embora a internacionalização ofereça inúmeras vantagens, ela também apresenta desafios significativos. As IES precisam lidar com questões como a equidade no acesso a oportunidades internacionais, o reconhecimento de qualificações estrangeiras e a manutenção da qualidade acadêmica em programas globais. Além disso, o cenário atual, marcado por tensões geopolíticas e desafios econômicos, exige que as IES sejam ainda mais estratégicas em suas abordagens.

Por outro lado, a internacionalização também abre um leque de oportunidades. A colaboração acadêmica internacional, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de pesquisas inovadoras, ao compartilhamento de melhores práticas e à criação de programas acadêmicos conjuntos que são altamente atrativos para estudantes de todo o mundo. A internacionalização também pode contribuir para o fortalecimento das IES em seus contextos locais, ao promover a diversidade cultural e o engajamento com as comunidades locais em um contexto global.


À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente, a internacionalização das IES se torna um pilar essencial para a educação superior. Para as IES que desejam se destacar no cenário global, a internacionalização oferece uma via para inovar, expandir suas capacidades e preparar seus estudantes para os desafios do século XXI. No entanto, para que esse processo seja bem-sucedido, é necessário um compromisso institucional profundo, que envolva desde a alta gestão até os estudantes, e que esteja alinhado com as particularidades e os objetivos de cada instituição.

A internacionalização não deve ser vista apenas como uma meta a ser alcançada, mas como um processo contínuo de evolução institucional. Ao adotar uma abordagem estratégica e integrada, as IES podem não apenas melhorar suas ofertas educacionais, mas também contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento global, formando cidadãos capazes de liderar e inovar em um mundo cada vez mais complexo e interconectado.


Portanto, as IES que ainda não incorporaram a internacionalização em suas estratégias institucionais devem considerar seriamente essa jornada. Não apenas para se manterem competitivas, mas para cumprirem seu papel fundamental na formação de uma sociedade global mais justa, equitativa e interconectada.


 
 
 

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